21 outubro 2005

Tempo

A chuva caí, certinha, lenta e nostálgica e os poucos verdes começam a desbotar, em sincronismo com o meu estado de espírito. A música, essa, vai tocando e é a unica que me consegue dar o calor e a companhia para mais um dia. As pessoas lá fora correm para os seus empregos, para o seu dia a dia, com a esperança do amanhã, que por aqui anda perdida. Das palavras faço carícias, dos sons companhia, e vou olhando para os numeros do relógio há espera que o meu calor do dia chegue. Os dias vão passando e olhar para trás é difícil, ficamos há espera do futuro, mas a única verdade é que temos de viver o presente. Por isso, desligo a música, fecho a porta e sem chapéu, vou-me pôr ao caminho, para mais um dia.

20 outubro 2005

Perdidamente

Ser Poeta

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Áquem e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!

Florbela Espanca

19 outubro 2005

Querer bem



"A benevolência
é mais importante
do que a sabedoria;
Reconhecê-lo
é o
princípio
da sabedoria"

"Theodore Isaac Rubin"

Quem se lembra da pequena biblioteca que havia ao fundo do jardim?



06 outubro 2005

Primeira canção em Lisboa



Para a Dulce

Primeira canção em Lisboa
Em Lisboa é que nascem as gaivotas.
Que pena, meu amor, o mar não ser
um copo de água pura. De água para
a sede que em Lisboa eu vi nascer.

Em Lisboa. Capital do vento sul.
Coração do meu povo. A doer tanto
que a dor se tornou cor. E é azul
como a ganga dos homens do meu canto.

Em Lisboa a gente morre sem idade.
Devagar. Como se faz uma canção.
E há um pássaro que voa. É a saudade.
E uma janela aberta. O coração.

"Joaquim Pessoa"

05 outubro 2005

Liberdade

"Quem tentar possuir uma flor, verá sua beleza murchando. Mas quem apenas olhar uma flor num campo, permanecerá para sempre com ela. Você nunca será minha e por isso terei você para sempre." Paulo Coelho


03 outubro 2005

Vive














Quero pedir-te, com quanta força tenho,
que sejas paciente com tudo o que dentro
do teu coração não foi ainda resolvido
e que te forces a gostar das tuas próprias
interrogações, como se de quartos fechados
se tratasse ou de livros escritos numa língua
muito estranha. Não procures as respostas
que não te podem ser dadas porque não serás
capaz de vivê-las. E o que importa é viver
tudo. Vive, agora, as tuas interrogações.
Talvez possas depois, gradualmente,
sem nisso reparares, viver até ao dia longínquo
em que entres na resposta.

"Rainer Maria Rilke"