20 outubro 2005

Perdidamente

Ser Poeta

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Áquem e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!

Florbela Espanca

10 Comments:

Blogger Maria said...

Receita

Tome-se um poeta não cansado,
Uma nuvem de sonho e uma flor,
Tr~es gotas de tristeza, um tom dourado,
Uma veia sangrando de pavor.
Quando a massa já ferve e se retorce
DEita-se a luz dum corpo de mulher,
Duma pitada de morte se reforce,
Que um amor de poeta assim requer.

José Saramago (Os poemas possíveis)

Bjs.

outubro 20, 2005  
Anonymous Anónimo said...

Ao Amor Antigo
O amor antigo vive de si mesmo,
não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige nem pede. Nada espera,
mas do destino vão nega a sentença.

O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e de beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.

Se em toda parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
a antigo amor, porém, nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.

Mais ardente, mas pobre de esperança.
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor.

outubro 20, 2005  
Anonymous Anónimo said...

Mãos Dadas
Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considere a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história.
não direi suspiros ao anoitecer, a paisagem vista na janela.
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida.
não fugirei para ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.

outubro 20, 2005  
Blogger Maria said...

Tem música!!!!!!!!!
Bjs.

outubro 20, 2005  
Blogger José said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

outubro 21, 2005  
Blogger José said...

Tem sim senhora, um obrigado á Dulce pela dica de como inserir, som no blog. Espero que gostes da Pedra Filosófal.
Bjs.

Obrigado também á Alice e á lika pelos poemas expostos, muito bonitos.
Bjs.

outubro 21, 2005  
Anonymous Anónimo said...

Você que é um presente que eu me dou a mim mesma.
Obrigada.

outubro 22, 2005  
Anonymous Anónimo said...

Deixa-me pousar a cabeça
em teu peito descoberto
Divide comigo esta paz
de corpos saciados
Suspiremos juntos
realizando a dádiva
amadurecida
em anos de espera, sofrimento, indecisões

Sorri
que o momento foi bom
E vamos esquecer o mundo
assim
na plenitude da graça
dos que viram a luz

outubro 23, 2005  
Anonymous Anónimo said...

Mas para quê
tanto sofrimento,
se nos céus há o lento
deslizar da noite?

Mas para quê
tanto sofrimento,
se lá fora o vento
é um canto na noite?

Mas para quê
tanto sofrimento,
se agora, ao relento,
cheira a flor da noite?

Mas para quê
tanto sofrimento,
se o meu pensamento
é livre na noite?

outubro 23, 2005  
Anonymous Anónimo said...

A VERDADEIRA ARTE DE VIAJAR


A gente sempre deve sair à rua como quem foge de casa,
Como se estivessem abertos diante de nós todos os caminhos do mundo.
Não importa que os compromissos, as obrigações, estejam ali...
Chegamos de muito longe, de alma aberta e o coração cantando!

outubro 25, 2005  

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