03 outubro 2005

Vive














Quero pedir-te, com quanta força tenho,
que sejas paciente com tudo o que dentro
do teu coração não foi ainda resolvido
e que te forces a gostar das tuas próprias
interrogações, como se de quartos fechados
se tratasse ou de livros escritos numa língua
muito estranha. Não procures as respostas
que não te podem ser dadas porque não serás
capaz de vivê-las. E o que importa é viver
tudo. Vive, agora, as tuas interrogações.
Talvez possas depois, gradualmente,
sem nisso reparares, viver até ao dia longínquo
em que entres na resposta.

"Rainer Maria Rilke"

3 Comments:

Blogger Maria said...

Estas palavras deixaram-me de lágrimas nos olhos. Tão próximas que estão de mim!
As palavras que me deixas são sempre lindas.
Para ti que és de Coimbra, tenho este poema:

Coimbra é uma palavra que se escreve
com amigos a partir de cada letra
Diz-se Coimbra e é o Largo da Portagem
a ponte sobre o i as claras sílabas
do Mondego correndo e o outro lado
da metáfora onde fica Santa Clara.

Diz-se Coimbra e é o Arco de Almedina
Sobe-se a estrofe e sabe a mouraria
há uma guitarra abstracta e pedra a pedra
mais que cidade Coimbra é um teorema

Quando se chega ao Largo da Sé Velha
começa devagar a ser poema.

Manuel Alegre
"Coimbra nunca vista", p.25

outubro 03, 2005  
Blogger Maria said...

Nas palavras que colocamos nos nossos blogs há muito de nós. Quer sejam palavras nossas quer sejam de outros autores, e neste último caso assimilamos-lhe as emoções e tornamo-las nossas. Dizem-nos alguma coisa. Houve aqui a coincidência de, quer este teu texto quer o meu e o da A.Bautista , dizerem a ambos alguma coisa. Não há que pedir desculpa. Acontece. Estamos na mesma onda!
Outra coisa. Então és alfacinha e gandarês? Dupla "nacionalidade"!
Eu sou apenas alfacinha. Só fui a Coimbra 1 vez há muitos anos e tenho boas lembranças,mas deve estar tudo muito mudado agora.
O poema do M.Alegre foi dedicado à tua faceta coimbrã. Vou procurar um para a tua faceta alfacinha.
Bjos.

outubro 04, 2005  
Anonymous Anónimo said...

Que belo texto de Rilke nos presenteias! Grato, de coração.

outubro 06, 2005  

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