05 março 2006

Pretextos para fugir do real


A uma luz perigosa como água
De sonho e assalto
Subindo ao teu corpo real
Recordo-te
E és a mesma
Ternura quase impossível
De suportar
Por isso fecho os olhos
(O amor faz-me recuperar incessantemente o poder da
provocação. É assim que te faço arder triunfalmente
onde e quando quero. Basta-me fechar os olhos)
Por isso fecho os olhos
E convido a noite para a minha cama
Convido-a a tornar-se tocante
Familiar concreta
Como um corpo decifrado de mulher
E sob a forma desejada
A noite deita-se comigo
E é a tua ausência
Nua nos meus braços


Alexandre O´Neill
Poesias Completas1951/1981
Biblioteca de Autores Portugueses

4 Comments:

Blogger Hata_ mãe - até que a minha morte nos separe Hugo ! said...

José, acredita que nem sei que lhe dizer?
Sem me limitar nas palavras de que o poema é lindissimo, revela uma sensibilidade enorme em publicá-lo, etc.
Tem-me dito coisas tão bonitas, que me fazem reflectir, alterando até o meu estado de espirito positivamente...
Tenho passado bastante tempo em frente do pc, entretenho-me muito pelos blogs, mas há outras tentações...apesar de me fazerem sofrer imenso, vejo pequenos videos, fotos, cheios de recordações, que eu não sei se é para me autopenalizar, ou saudades de quem nunca mais vou ter...
Olhe desculpe, tenho que terminar porque já ia "embalada" este é o seu cantinho.
Um abraço

março 06, 2006  
Blogger Maria said...

"Recordo-te e és a mesma ternura quase impossível de suportar".
Gostei muito.
Beijos para ti José

março 07, 2006  
Blogger Su said...

belo poema....li...fechei os olhos

jocas maradas

março 12, 2006  
Blogger Maria said...

Passo para te desejar um bom fim de semana amigo.
Beijos.

março 17, 2006  

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