Pretextos para fugir do real
A uma luz perigosa como água
De sonho e assalto
Subindo ao teu corpo real
Recordo-te
E és a mesma
Ternura quase impossível
De suportar
Por isso fecho os olhos
(O amor faz-me recuperar incessantemente o poder da
provocação. É assim que te faço arder triunfalmente
onde e quando quero. Basta-me fechar os olhos)
Por isso fecho os olhos
E convido a noite para a minha cama
Convido-a a tornar-se tocante
Familiar concreta
Como um corpo decifrado de mulher
E sob a forma desejada
A noite deita-se comigo
E é a tua ausência
Nua nos meus braços
Alexandre O´Neill
Poesias Completas1951/1981
Biblioteca de Autores Portugueses
4 Comments:
José, acredita que nem sei que lhe dizer?
Sem me limitar nas palavras de que o poema é lindissimo, revela uma sensibilidade enorme em publicá-lo, etc.
Tem-me dito coisas tão bonitas, que me fazem reflectir, alterando até o meu estado de espirito positivamente...
Tenho passado bastante tempo em frente do pc, entretenho-me muito pelos blogs, mas há outras tentações...apesar de me fazerem sofrer imenso, vejo pequenos videos, fotos, cheios de recordações, que eu não sei se é para me autopenalizar, ou saudades de quem nunca mais vou ter...
Olhe desculpe, tenho que terminar porque já ia "embalada" este é o seu cantinho.
Um abraço
"Recordo-te e és a mesma ternura quase impossível de suportar".
Gostei muito.
Beijos para ti José
belo poema....li...fechei os olhos
jocas maradas
Passo para te desejar um bom fim de semana amigo.
Beijos.
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